Você já ouviu falar da Estônia? Caso se interesse por tecnologia implantada em órgãos públicos e ainda não conhece esse país, se prepare para ser surpreendido.

Atualmente a Estônia, país localizado no nordeste da Europa, é referência mundial na oferta à sociedade de serviços públicos digitais. São mais de 2.500 serviços online oferecidos para a população. Ou seja, a Estônia e toda sua população já se anteciparam e aderiram a cultura digital aplicada na gestão pública.


Segundo o portal do Governo da Estônia, 99% dos serviços públicos do país podem ser acessados pela internet, a qualquer dia e horário. Os únicos serviços indisponíveis de forma digital são para casamentos, divórcios e transações imobiliárias. Já pensou você não necessitar mais se dirigir as repartições públicas para resolver seus problemas cotidianos? Na Estônia é assim, quase tudo você soluciona pela internet.

Todo esse esforço de adesão à cultura digital, faz com que o país se orgulhe em ser referência no conceito de governança e sociedade digital. A adoção destas novas tecnologias, que reduzem a burocracia e aumentam a eficácia dos serviços públicos, faz com que anualmente sejam economizados o equivalente a mais de 844 anos de tempo de trabalho, em comparação a antiga metodologia utilizada. Este número reforça a importância dos investimentos em tecnologia da informação e comunicação pelas gestões públicas. Quando um gestor investe em tecnologia voltada à eficiência dos serviços, cria-se a possibilidade das instituições economizarem recursos humanos e financeiros, além de aumentar sua produtividade, reduzir a burocracia e diminuir o tempo para execução dos serviços e processos.

Em entrevista, o ex-presidente da Estônia, Toomas Hendrik Ilves, afirma que a implantação de serviços digitais ajudou o país a economizar 2% do PIB local e que um dos fatores-chave de sucesso se deu ao fato de que em 2000 o país aprovou a lei que promove a igualdade entre a assinatura digital e a assinatura física, o que estimulou a adesão por parte da sociedade e incentivou instituições bancárias a investirem em sistemas digitais e de segurança. O ex-presidente ainda afirma que no país 50% dos sistemas de autenticação da infraestrutura do e-government (governo eletrônico, em inglês) são bancados pela iniciativa privada. Vale ressaltar outra iniciativa que fortaleceu a implantação do conceito de e-Gov na Estônia, que foi fato de terem preparado um corpo jurídico para orientar e dar sustentação ao seu processo de desenvolvimento de Governo Eletrônico.

É importante ressaltarmos que a evolução digital para Governos deve passar por uma estruturação prévia, ou seja, dar condições jurídicas que gerem segurança para as gestões e os cidadãos, além disso é necessário democratizar o acesso à internet e fortalecer a cultura digital.

No Brasil, a ampliação dos serviços digitais na esfera pública ainda ocorre de forma vagarosa e não acompanha a mesma proporção do desenvolvimento tecnológico. A migração do formato analógico para o digital deverá ser gradativo em nosso país tendo em vista que o Brasil possui vários outros fatores que devem ser analisados, como as questões socieconômicas e culturais que ainda dificultam o acesso à internet de forma democrática para toda à população. Porém é necessário que se comece um processo gradual de mudança pois, cada vez mais, a sociedade brasileira está se conectando e os governos devem estar preparados para atender este perfil da população, que está ampliando o seu hábito digital, ampliando a oferta de serviços online e desta maneira diminuindo a visita presencial nas instituições públicas.

É um longo caminho que deve ser percorrido, mas os primeiros passos já devem ser dados pelos atuais gestores. Afinal, já pensou você não necessitar mais se dirigir as repartições públicas para resolver seus problemas cotidianos?